Conhecendo os integrantes da Fumaça – Ten Médica Cristiane
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Conhecendo os integrantes da Fumaça – Ten Médica Cristiane
Conhecendo os integrantes da Fumaça – Ten Médica Cristiane
Atendimento médico e observação constante de tudo o que pode afetar a saúde dos integrantes são algumas das funções exercidas por um Médico de Esquadrão.
Conheça, nesta entrevista, a DOC, como é chamada a Tenente Cristiane de Araujo Pajuaba, nossa Médica, que, dentro de alguns dias será promovida ao posto de Capitão.
Há quanto tempo ingressou na Força Aérea Brasileira e há quanto está na Fumaça?
Na FAB, há 15 anos e, no EDA, faz 7 anos.
Como entrou para a FAB e como foi sua carreira até aqui?
Meu primeiro contato com a Força Aérea foi em 1993, quando ainda estava na Faculdade de Medicina. Eu fazia estágio em um hospital no Rio de Janeiro onde havia um cirurgião plástico que era Capitão Médico na Força e trabalhava no Hospital de Força Aérea do Galeão, o HFAG.
Interessei-me por conhecer o Centro de Tratamento de Queimados desse Hospital, já que tinha intenção de seguir a especialidade de Cirurgia Plástica. Passei, então, a acompanhar cirurgias e decidi fazer meus últimos 6 meses de Internato (final da faculdade de medicina) no HFAG.
Terminada a graduação, sabendo da possibilidade de mulheres se alistarem como voluntárias para o serviço militar nas 3 Forças, alistei-me para a FAB e entrei como Oficial Médica R2, em 1996. Esse quadro é composto por profissionais que podem permanecer na Força por até 8 anos.
Neste período, tive que abrir mão da Residência Médica em Cirurgia Geral que já havia iniciado no Hospital de Ipanema, mas acabei por fazer um concurso que me proporcionou fazer a Residência dentro da própria Força.
Durante esses 8 anos, estive na Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica do HFAG e no 3º Esquadrão de Transporte Aéreo, na Base Aérea do Galeão, onde comecei a exercer a função de Médico-de-Esquadrão e tive a oportunidade realizar o curso de especialização em Medicina Aeroespacial.
Nessa época, fiquei sabendo que o EDA e outros esquadrões haviam aberto vagas para médico-de-esquadrão. Decidi, então, prestar concurso para o CAMAR, o curso de formação de médicos de carreira da Aeronáutica. Foi uma decisão difícil, afinal, teria que, não só me mudar do Rio de Janeiro, como também abrir mão de uma carreira voltada para a Cirurgia Plástica. Na época, eu estava cursando uma pós-graduação nesta área, mas o amor pela FAB e a possibilidade de uma carreira estável falaram mais alto.
Passei no processo seletivo e cursei o CAMAR, em Belo Horizonte. Após 4 meses, fui designada a servir no EDA e me mudei para Pirassununga, em 2004.
Com a família na formatura do CAMAR
Quais as atividades que realiza na Fumaça?
Realizo o atendimento médico de todo os integrantes do Esquadrão e, eventualmente, dos familiares. Controlo Inspeções de Saúde periódicas, vacinações e idas ao Instituto de Medicina Aeroespacial para a realização do Estágio de Adaptação Fisiológica dos aeronavegantes.
Estou sempre atenta a tudo que possa influenciar a saúde da equipe. Assim, dentre outras ações, verifico as condições de trabalho, o uso dos equipamentos de proteção individual, escalas de voo e de serviço, intervindo, sempre que necessário, para garantir o bem-estar do grupo.
Além disso, nos deslocamentos, ganho outras atribuições como, providenciar lanches de bordo, participar de palestras, auxiliar ou fazer a locução das demonstrações.
Em seu primeiro voo com um T-27 da Fumaça
Durante palestra em Pirassununga
Você seguiu uma carreira diferente dentro das tradicionais na Medicina. Esperava por isso?
É verdade. Apesar do meu fascínio por aviões, claro que nunca imaginei estar tão perto deles e trabalhando na profissão que escolhi por vocação. Ao longo da minha formação, o que mais se aproximava do que faço hoje em dia era a pós-graduação em Medicina do Trabalho que havia concluído em 1997. Mas não imaginava que existia um rico espaço de conhecimento e oportunidades na área da Medicina Aeroespacial.
Tudo começou mesmo quando fui servir no 3º ETA, fazendo não só o que faço hoje na Fumaça, como também transportando pacientes, eventualmente. Ali vi que um outro mundo dentro da medicina e da minha carreira se mostrava para mim. E me apaixonei. Sinto saudade dos tempos de cirurgiã, mas esta é uma fase da minha vida profissional e pessoal em que estou aprendendo muito e não traz arrependimentos.
Além disso, saindo da Fumaça e da rotina de viagens, posso voltar a operar e, ainda, dentro da própria FAB, passar os conhecimentos adquiridos aqui para inúmeros médicos que escolham essa área de atuação, trabalhando, por exemplo, no Instituto de Medicina Aeroespacial ou no Centro de Medicina Aeroespacial da FAB.
Porta-estandarte durante cerimônia militar da Fumaça
O que significa ser da Fumaça?
Dentro desse contexto de amor pela FAB que já citei, ser da Fumaça é ter o privilégio de representá-la de uma forma especial: dando e recebendo sorrisos e espelhando nos próprios olhos o brilho do olhar de cada um que admira e valoriza o nosso trabalho.
Como é saber que é a responsável por cuidar da saúde desses pilotos que levam tanta alegria a milhares de pessoas e que são tidos como verdadeiros heróis por muitos?
É uma mistura de sentimentos. Por um lado, é um trabalho de muita responsabilidade e sei que minha decisão pode implicar, inclusive, na segurança de voo de uma demonstração ou treinamento. Não esqueço um só minuto que estou lidando com vidas, apesar de viver em meio a máquinas. No entanto, saber que isso pode ser recompensado pela alegria demonstrada a cada demonstração, a cada e-mail ou mensagem em redes sociais de agradecimento, a cada frase de um integrante dizendo: “Doc, melhorei!”, faz tudo valer a pena. E o mais importante de tudo isso é saber que, por trás desses “heróis” pilotos e mecânicos de voo, existem seres humanos, como nós, pessoas que têm família, contas a pagar, dúvidas e medos, mas que, acima de tudo amam sua terra e abdicam de muitas coisas para terem o prazer de distribuir alegria aqui e lá fora, fazendo-nos ter orgulho de sermos brasileiros!
Qual missão ou demonstração mais marcante?
Cada missão tem sua importância e peculiaridade que a faz especial e inesquecível. Neste vasto universo ao longo destes anos no EDA, escolho duas:
A primeira foi a Missão Europa 2005, quando atravessamos o Atlântico para participar das comemorações do Ano do Brasil na França. Fizemos uma passagem pela Avenida Champs Élysées deixando um rastro de fumaça verde e amarela no céu de Paris. Os franceses nos receberam de forma muito carinhosa e foi meu primeiro contato com uma esquadrilha de demonstração aérea de outro país, a Patrouille de France. Pude compartilhar experiências, dificuldades e alegrias inerentes à nossa atividade.
Passagem da Fumaça por Paris
Outra que não posso deixar de falar foi minha primeira Missão Norte, também em 2005, quando demonstramos em Jacareacanga/PA. Foi para um público pequeno, porém extremamente hospitaleiro, composto, em sua maioria, por indígenas, que não pouparam esforços para nos acolher da melhor forma possível, apesar das limitações que uma cidade pequena no interior do nosso país pudesse apresentar.
Demonstração em Jacareacanga
O que você vai sentir mais falta ao deixar a Fumaça?
Sem dúvida, do verdadeiro significado de “espírito de grupo” e de “vestir a camisa”, nos momentos bons, mas, principalmente, nos momentos difíceis. Aprendi muito sobre isso nesses anos que estou servindo aqui.
Com os integrantes da Fumaça na missão França
O que você diria para quem pretende entrar na Força Aérea?
Em primeiro lugar, estudar. E quando digo estudar, não falo de estudar para passar em concursos, mas preocupar-se com uma boa formação, desde os seus primeiros anos de estudo. Dedicar-se à escola, ler bons livros, ver bons filmes, ouvir boa música, tudo isso faz parte da educação. Decidido que é esta a carreira que quer abraçar, basta encaixar-se numa das possibilidades de ingresso na Força, que são muitas. Acessando o site da FAB, o www.fab.mil.br, você tem como avaliar, dentro do que a Força oferece, a melhor forma de ingresso, de acordo com sua escolaridade ou especialização.
Com o astronauta Cel Marcos Pontes
Atendimento médico e observação constante de tudo o que pode afetar a saúde dos integrantes são algumas das funções exercidas por um Médico de Esquadrão.
Conheça, nesta entrevista, a DOC, como é chamada a Tenente Cristiane de Araujo Pajuaba, nossa Médica, que, dentro de alguns dias será promovida ao posto de Capitão.
Há quanto tempo ingressou na Força Aérea Brasileira e há quanto está na Fumaça?
Na FAB, há 15 anos e, no EDA, faz 7 anos.
Como entrou para a FAB e como foi sua carreira até aqui?
Meu primeiro contato com a Força Aérea foi em 1993, quando ainda estava na Faculdade de Medicina. Eu fazia estágio em um hospital no Rio de Janeiro onde havia um cirurgião plástico que era Capitão Médico na Força e trabalhava no Hospital de Força Aérea do Galeão, o HFAG.
Interessei-me por conhecer o Centro de Tratamento de Queimados desse Hospital, já que tinha intenção de seguir a especialidade de Cirurgia Plástica. Passei, então, a acompanhar cirurgias e decidi fazer meus últimos 6 meses de Internato (final da faculdade de medicina) no HFAG.
Terminada a graduação, sabendo da possibilidade de mulheres se alistarem como voluntárias para o serviço militar nas 3 Forças, alistei-me para a FAB e entrei como Oficial Médica R2, em 1996. Esse quadro é composto por profissionais que podem permanecer na Força por até 8 anos.
Neste período, tive que abrir mão da Residência Médica em Cirurgia Geral que já havia iniciado no Hospital de Ipanema, mas acabei por fazer um concurso que me proporcionou fazer a Residência dentro da própria Força.
Durante esses 8 anos, estive na Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica do HFAG e no 3º Esquadrão de Transporte Aéreo, na Base Aérea do Galeão, onde comecei a exercer a função de Médico-de-Esquadrão e tive a oportunidade realizar o curso de especialização em Medicina Aeroespacial.
Nessa época, fiquei sabendo que o EDA e outros esquadrões haviam aberto vagas para médico-de-esquadrão. Decidi, então, prestar concurso para o CAMAR, o curso de formação de médicos de carreira da Aeronáutica. Foi uma decisão difícil, afinal, teria que, não só me mudar do Rio de Janeiro, como também abrir mão de uma carreira voltada para a Cirurgia Plástica. Na época, eu estava cursando uma pós-graduação nesta área, mas o amor pela FAB e a possibilidade de uma carreira estável falaram mais alto.
Passei no processo seletivo e cursei o CAMAR, em Belo Horizonte. Após 4 meses, fui designada a servir no EDA e me mudei para Pirassununga, em 2004.
Com a família na formatura do CAMAR
Quais as atividades que realiza na Fumaça?
Realizo o atendimento médico de todo os integrantes do Esquadrão e, eventualmente, dos familiares. Controlo Inspeções de Saúde periódicas, vacinações e idas ao Instituto de Medicina Aeroespacial para a realização do Estágio de Adaptação Fisiológica dos aeronavegantes.
Estou sempre atenta a tudo que possa influenciar a saúde da equipe. Assim, dentre outras ações, verifico as condições de trabalho, o uso dos equipamentos de proteção individual, escalas de voo e de serviço, intervindo, sempre que necessário, para garantir o bem-estar do grupo.
Além disso, nos deslocamentos, ganho outras atribuições como, providenciar lanches de bordo, participar de palestras, auxiliar ou fazer a locução das demonstrações.
Em seu primeiro voo com um T-27 da Fumaça
Durante palestra em Pirassununga
Você seguiu uma carreira diferente dentro das tradicionais na Medicina. Esperava por isso?
É verdade. Apesar do meu fascínio por aviões, claro que nunca imaginei estar tão perto deles e trabalhando na profissão que escolhi por vocação. Ao longo da minha formação, o que mais se aproximava do que faço hoje em dia era a pós-graduação em Medicina do Trabalho que havia concluído em 1997. Mas não imaginava que existia um rico espaço de conhecimento e oportunidades na área da Medicina Aeroespacial.
Tudo começou mesmo quando fui servir no 3º ETA, fazendo não só o que faço hoje na Fumaça, como também transportando pacientes, eventualmente. Ali vi que um outro mundo dentro da medicina e da minha carreira se mostrava para mim. E me apaixonei. Sinto saudade dos tempos de cirurgiã, mas esta é uma fase da minha vida profissional e pessoal em que estou aprendendo muito e não traz arrependimentos.
Além disso, saindo da Fumaça e da rotina de viagens, posso voltar a operar e, ainda, dentro da própria FAB, passar os conhecimentos adquiridos aqui para inúmeros médicos que escolham essa área de atuação, trabalhando, por exemplo, no Instituto de Medicina Aeroespacial ou no Centro de Medicina Aeroespacial da FAB.
Porta-estandarte durante cerimônia militar da Fumaça
O que significa ser da Fumaça?
Dentro desse contexto de amor pela FAB que já citei, ser da Fumaça é ter o privilégio de representá-la de uma forma especial: dando e recebendo sorrisos e espelhando nos próprios olhos o brilho do olhar de cada um que admira e valoriza o nosso trabalho.
Como é saber que é a responsável por cuidar da saúde desses pilotos que levam tanta alegria a milhares de pessoas e que são tidos como verdadeiros heróis por muitos?
É uma mistura de sentimentos. Por um lado, é um trabalho de muita responsabilidade e sei que minha decisão pode implicar, inclusive, na segurança de voo de uma demonstração ou treinamento. Não esqueço um só minuto que estou lidando com vidas, apesar de viver em meio a máquinas. No entanto, saber que isso pode ser recompensado pela alegria demonstrada a cada demonstração, a cada e-mail ou mensagem em redes sociais de agradecimento, a cada frase de um integrante dizendo: “Doc, melhorei!”, faz tudo valer a pena. E o mais importante de tudo isso é saber que, por trás desses “heróis” pilotos e mecânicos de voo, existem seres humanos, como nós, pessoas que têm família, contas a pagar, dúvidas e medos, mas que, acima de tudo amam sua terra e abdicam de muitas coisas para terem o prazer de distribuir alegria aqui e lá fora, fazendo-nos ter orgulho de sermos brasileiros!
Qual missão ou demonstração mais marcante?
Cada missão tem sua importância e peculiaridade que a faz especial e inesquecível. Neste vasto universo ao longo destes anos no EDA, escolho duas:
A primeira foi a Missão Europa 2005, quando atravessamos o Atlântico para participar das comemorações do Ano do Brasil na França. Fizemos uma passagem pela Avenida Champs Élysées deixando um rastro de fumaça verde e amarela no céu de Paris. Os franceses nos receberam de forma muito carinhosa e foi meu primeiro contato com uma esquadrilha de demonstração aérea de outro país, a Patrouille de France. Pude compartilhar experiências, dificuldades e alegrias inerentes à nossa atividade.
Passagem da Fumaça por Paris
Outra que não posso deixar de falar foi minha primeira Missão Norte, também em 2005, quando demonstramos em Jacareacanga/PA. Foi para um público pequeno, porém extremamente hospitaleiro, composto, em sua maioria, por indígenas, que não pouparam esforços para nos acolher da melhor forma possível, apesar das limitações que uma cidade pequena no interior do nosso país pudesse apresentar.
Demonstração em Jacareacanga
O que você vai sentir mais falta ao deixar a Fumaça?
Sem dúvida, do verdadeiro significado de “espírito de grupo” e de “vestir a camisa”, nos momentos bons, mas, principalmente, nos momentos difíceis. Aprendi muito sobre isso nesses anos que estou servindo aqui.
Com os integrantes da Fumaça na missão França
O que você diria para quem pretende entrar na Força Aérea?
Em primeiro lugar, estudar. E quando digo estudar, não falo de estudar para passar em concursos, mas preocupar-se com uma boa formação, desde os seus primeiros anos de estudo. Dedicar-se à escola, ler bons livros, ver bons filmes, ouvir boa música, tudo isso faz parte da educação. Decidido que é esta a carreira que quer abraçar, basta encaixar-se numa das possibilidades de ingresso na Força, que são muitas. Acessando o site da FAB, o www.fab.mil.br, você tem como avaliar, dentro do que a Força oferece, a melhor forma de ingresso, de acordo com sua escolaridade ou especialização.
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